Data: 13/06/2012

De: Claudia

Assunto: Pesquisa nos EUA

Parabens pelo site, bela explicacao sobre a nacao Cabinda.

Sou gaucha de Porto Alegre e estou fazendo uma pequena pesquisa antropologica sobre Cabinda para um papel na Universidade da California em Irvine. O patrimonio afro-gaucho tem um potencial ainda muito negligenciado no contexto nacional e transnacional. A resistencia dos Africanos e forros no RS e especialmente marcante porque infiltrou os fundamentos da bela cultura africana em um contexto unico - regiao onde a maioria da populacao descende de europeus. Pesquisadores americanos geralmente essencializam a natureza das praticas religiosas afro-brasileiras, o que de certa forma nega o seu verdadeiro potencial. Aqui nos EUA, de forma geral, o negro (termo ofensivo para eles, se denominam African-American apesar de nao terem muita ligacao com a cultura do continente Africano) se valeu de ideologias capitalistas (brancas) para afirmar identidade. E uma tatica valida talvez p eles, pois o racismo aqui foi muito mais intenso do que no Brasil. Hoje porem o q se ve aqui e uma crise de identidade racial, onde o q vem d negro, ou do asiatico, nao pode ser praticado pelo branco -- por causa das representacoes ofensivas no passado, e d apropriacoes das praticas culturais atraentes, como o rock and roll, que vem do negro, ms foi apropriado por brancos. Porem, todo mundo vive a cultura capitalista individualista, proveniente do colonizador europeu. Dessa forma, ao tentar corrigir as atrocidades do racismo, criam-se mais barreiras para a difusao cultural.

Ja no Brasil, a integracao genuina de brancos iniciada pelos negros pioneiros das religioes afro-gauchas indica que a cultura africana e uma forca espiritual unificadora. Ao contrario do que se ve aqui nos EUA, a religiao africana no Brasil transcende o discurso de categorias. A familia religiosa nao conhece barreiras de cor, sexo, classe, etc. Mesmo eu nao tendo sangue negro (na "construcao social do colonialismo," pois hoje ja se sabe que o ser humano, Homo sapiens originou na Africa, portanto somos todos africanos), posso me orgulhar de nosso patrimonio cultural e espiritual africano. Se fosse Americana branca nao teria esse luxo, e se fosse negra, tampouco, pois orixas aqui sao desconhecidos. As diasporas latinas praticam santeria e outras religioes e sincretismo com origem africana, mas sao comunidades bm isoladas e racializadas, e suas praticas nao estao infiltradas na cultura popular em geral.

Eu tive breve contato com Cabinda ha uns 18 anos atras, mas me mudei, e consequentemente me tornei vegetariana. Porem, a pratica do sacrificio animal pelo menos no meu entendimento e muito mais apropriada do que o processo da industria, ja que na religiao a carne e consumida. No matadouro, os animais sofrem muito. Quando a minha familia come carne, se eu pudesse escolher entre o pacotinho do mercado, e a carne proveniente do sacrificio ritual, eu escolheria a do sacrificio. De qualquer forma, tenho muita admiracao pelo Batuque em geral, especialmente pela Cabinda que foi onde tive um contato intimo com o povo de santo, ainda que breve, muito produtivo.

Parabens, e espero que continuem pesquisando e informando o povo brasileiro sobre a grandeza dessa bela filosofia espiritual e social!

Novo comentário