TER OU NÃO TER AXÉ

13/10/2010 21:21

 

Ter ou não ter Axé:

 

Em nosso meio muitas pessoas pensam que  axé de seus orixás esta ligado a Dinheiro ou bens materiais ou  uma boa vida aparente. De fato este é um assunto que causa muita polemica, pois já sabemos que nossa religião descende de escravos, (pessoas pobres e humildes) que viviam de seus trabalhos braçais e muitas vezes injustiçados e castigados, mesmo cultuando seus orixás.

Mas de qualquer forma muitas coisas evoluíram inclusive a forma de fazer religião hoje.

São poucos os pais e mães de santo que vive da religião, antigamente a grande maioria já velhos, tinham suas aposentadorias,  a religião através de filhos e clientes se auto sustentava.

Assim como em todos os seguimentos acabamos por atingir várias classes de diferentes níveis perante a sociedade, muitos terreiros humildes atendem donos e diretores de grandes empresas, estes por sua vez acabam por descobrir sua vocação em nossa religião e quando não podem assumir esta vocação acabam por patrocinar o terreiro ou casa de religião que segue.

As entidades também têm grandes influencia nesta captação de pessoas com poder aquisitivo em nosso meio, pois através delas e de suas veracidades que se torna viável este patrocínio em muitos terreiros.

 

Outros já vêm de berço com um poder aquisitivo estável e acabam por manter o mesmo no seguimento religioso.

O Axé dos orixás independe das condições financeiras de cada pai ou mãe de santo, de sua moradia ou meio de vida, na verdade o axé que os santos nos proporcionam é espiritual e não matéria. Alguns ligam o fato de  estar bem espiritualmente para trair  bens materiais que elevam sua auto estima,  apenas isso.

Santo não tem haver com riqueza material e sim com riqueza espiritual!

 

Quantos batuqueiros em nossa sociedade religiosa são verdadeiramente ricos?

A porcentagem é pouca e fica menor quando investigamos suas vidas antes e pós religião para avaliar se realmente tem haver com o Axé do santo.

É claro que é bonito e motivador divulgar, (que as riquezas são alcançadas ou trazidas por santos), mas é errado!

Isso motiva aos novos a buscarem sempre o material e esquecem que a riqueza é espiritual e independe de ter ou ter que conquistar por méritos.

 

Sito como exemplo as Ordens Herméticas,  que ensinam seus seguidores administrar seus bens, e a investirem em seu  próprio potencial, fazendo assim muitos atingirem o êxito em suas conquistas e metas.

 

Diferente de nossa religião que deveria ensinar o exercício da fé que tem como objetivo a mesma coisa, porém não como foco principal o bem material e sim o bem espiritual de cada ser.

 

Somos uma religião, e como toda religião, temos muitos seguidores de diferentes classes sociais, isso nos faz ser sociável e sem discriminação.

Em uma tapera ou palácio a reza do orixá é a mesma, a roda pequena ou grande vai ter o mesmo objetivo, as comidas de batuque são tradição e faz parte de um fundamento, não deveríamos nunca substituí-las por outra mais sofisticada.

 

A roupa luxuosa não define poder religioso diante do santo, apenas diferenças sociais.

 

A onda que acaba corrompendo muitos batuqueiros está ligada a esta questão: Axé igual a Dinheiro e vida boa!

Quando não se consegue isso, muitos fingem ter, ou querem estar no meio de quem tem para ver se também se tornam igual. Aparentemente conseguem.

 

Também temos muitos que lutam com seus próprios esforços para manter viva em seus terreiros a religião que tanto amam.

Vamos parar de competir uns com os outros, verem quem pode ou tem mais, na verdade todos somos iguais em uma só fé, pobre será a pessoa que não fizer por merecer o axé do santo, que é único para cada um.

Cada um tem o que merece ou apenas colhe o que planta! Isso é fato!

 

 

 

 Batuqueiros Mais Velhos Podem mais?

 Hoje o fato de um pai ou mãe de santo ter 20,30,40 ou 50 anos de religião pesa, é claro que estamos diante de uma pessoa com muitas histórias, muita experiência, se tornam celebridades desejadas em nossos terreiros, sua presença nos faz sentir seguros ou respeitados por intermédio dos mesmos.

Mas se tornariam os mesmos DEUSES?

 

Não, nunca se tornaram Deuses e coitado daqueles que se acham assim, por que são seres humanos propícios a erros como todos nós.

Essa admiração que os novos têm pelos velhos deveria ser positiva para ambas as partes, mas esta se tornando hipócrita.

Os velhos acham que sabem tudo e os novos não sabem nada, criaram um grupo pequeno de pessoas influentes que não se coloca acessível para ensinar e sim criticar a religião cultuada hoje pela grande maioria jovem.

Cospem no prato que comeram e isso serve para os novos também.

Nossa religião sempre foi passada de geração para geração sempre em pequenos grupos que juntos descobriam semelhanças, porém muitas diferenças também.

Dizer que o fulano faz errado é fácil, dizer que assim é o certo é mais fácil ainda. Entender o que esta sendo feito, ensinar e respeitar é muito difícil para grande maioria.

 

A juventude também peca por que acha que pode fazer o que vem a cabeça, e realmente as coisas não são assim. Porém os novos de hoje serão os velhos de amanhã, e tudo vai continuar as mesma, por que o que se faz hoje ainda é o que se fez ontem, a hipocrisia é herança de ontem, caso contrario seriamos todos unidos.

 

A internet é fruto de uma nova geração, salvo os iniciados nessa geração, que podem resgatar suas origens e fundamentos através de pesquisa no Google, por que não tem acesso a pessoas preparadas para ensinar.

 

Nossa religião exige aprendizado, e para isso temos que estudar os estágio que realmente preparam as pessoas a se formarem e trabalhar na mesma, são as terreiras de hoje, os antigos de hoje que com sua experiência poderiam ensinar, ao invés de se fecharem em núcleos de críticas.

Eu faço parte desta nova geração, e particularmente me revolto com muitas atitudes de pessoas que foram referencias em meu aprendizado, não os usarei como exemplo de religiosidade para meus filhos, se para o tumulo levam fundamentos e feitiços antigos. Para minha religião  não os lembrarei em nenhum momento.

 

Saber é uma dádiva que depende do querer e segue junto com respeito ao próximo acima de tudo.